março 08, 2011

esse cheiro

Estou sentindo esse cheiro

ele começa a me entranhar

é como um acidente toda vez que percebo

algo objetivo

sou eu ?

essa teor… essa coisa ensebada, encorpada que entra na narina

nao que eu queira…

porque deveria querer sentir meu cheiro ?

Nao ha querer (ainda)

Antes sinto que devo segredo… ou desculpas. Admitir, va la. Tomo banho e ele la.

É que me distraio, esqueço,

Daqui a pouco dou por mim e ele ca. Retorna. Liberto.

Logo eu, tao abandonada, tantas coisas ja me foram , morreram, colapsaram ou partiram a despeito de todo o meu esforço para faze-las ficar.

Ele parece que nao vai embora nunca, e é mais proximo do que quase tudo a minha volta.

De onde vem? Farejo e nao sei. Tao natural. Natural parece de planta, e nao é a isso que cheiro. De animal. Tenho cheiro de animal. Forte, orgânico, algo produz odor em mim. Eu sou uma usina produtora de odor. Mineral.

Devo desculpas a quem ? Alguem me contou que fedo, foi verdade. Nao lembro quem, nem quando, nem onde, mas isso chega. Porque alguem me diria uma coisa dessas?

E me distraio, eventualmente me lavo, esqueço, quando daqui a pouco minha surpresa, me deparo com o estranho. Insiste em aparecer e eu em estranhar. E desconfio, so agora, que nem sob as camadas mais poderosas de perfume de toda e qualquer procedência, ele jamais tenha se dispersado. Ê bicho concentrado.

Decidi que vou me tornar intima desse cheiro e dar fe dele por unico, uma frequencia exclusiva, de onde transmito livremente.

Tenho visto que ele é mesmo o de sempre, uma nota so que nao se repete, coisa exclusiva, pura. E digna companhia.

dezembro 10, 2007

Igualdade e desejo

Quero um ponto como
a uma galáxia.
Quero um dia como
a uma vida.
Quero ser como
amanhecer.
Quero acordar como
o movimento.

Quero rir como acidente.
Quero ir como o vento.
Quero dar como o mar.

Quero a medida
a ferida
a lambida
como só você.

volta aos defeitos

Voltam sempre os defeitos.
Incuráveis, os mesmos.
O que os torna defeitos perfeitos.

Como a tudo o que repete,
quero reputar ao falhar um ideal
de indispensável acessório pessoal.

Eternamente atuais:
Não ter grana e saber gastar.
Colher mais esperanças do que posso contar.
Ser inofensivo quando quero guerrear.
Ser invisível e testemunhar.
Ser cruel sem justificar.
Ser tagarela quando o mundo cabe silenciar.

três medidas sagradas

O alegre da vida
se tempera a cada flor pisada.

Ao Gosto Real:
Vivam parasitas, rastejantes, todos vermes glorificados!
Canto à pressa digna com que exumam as almas e consumam os encarnados.

Ao Bom Gosto:
Vede, carcaças cheias de vida, graciosos e lépidos arqueiros do ponto G?
Alço a voz a louvar-lhes as possibilidades
antes do erro atroz.

Ao Gosto Vindouro:
Ecoem os tristes ais da natureza, triste senhora
que só de prosa é mais de um dedo
em piruetas que espantam todo segredo.

Só rir

No silêncio, acontece.
O labor arde pensamento amolece.
Rei sol estremece da grandeza e do calor que o esquecem.

Nasce o prometido é a vez da promessa,
o símbolo tornado tempestade
age sua vontade e atropela o sentido das preces.

Evém a pequenina passear na condução,
ao trabalho, alegre, a gastar seu batom.
Couro tratado, gesto leve, ágil função.

Couro com couro no gesto labial estalado,
Rei sol arde na face morena, não em si.
Ri-se ela só, de sentir o calor na carne gigante, prenhe e donzela.
Que é feito da última gota?
Quando virá?
A mais esperada de todas.
Haverá tempo de chegar?

A ela toda educação reputa.
Cabe ao que dura,
antes de azedar.
Puras, destiladas,
última gota evaporada!
última gota pingada!
última gota vertida!
gota perdida!
gota babada!

Totalidade rouca engole o arremate da miragem
quando chamada pelo nome real.

no silêncio a luta

luta dura
forte
resistência fura enfrenta entra
anula a gula paralisa

sente reticente
violenta: sim e não

onde a luta mapa paredão
Forca morte nuca mira data e um irmão
Como armo as mãos e ardo
Corpo e alma seta eixo bala abaixo


dilema que cura
carne picada almada
duração delicada

sacro sangue fica volta a roda gigante a girar